quinta-feira, 1 de agosto de 2013

ERGONOMIA E ALIMENTAÇÃO COLETIVA: ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO EM UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO



    ''O trabalho em UAN’s é caracterizado como um processo de produção que utiliza intensivamente sua mão-de-obra, vários autores consideram como uma atividade árdua, de ritmo intenso, com posturas forçadas, mantidas por longos períodos (MONTEIRO et al., 1997).
    O desgaste humano é provocado pelo trabalho repetitivo, freqüentemente realizado em condições desfavoráveis (máquinas inadequadas, ruído excessivo, calor, poeiras, gases e vapores, ausência de pausa de repouso, horas-extras, etc) não é quantificável. 
    As atividades desenvolvidas em UAN caracterizam-se por movimentos manuais repetitivos, levantamentos de pesos excessivos e permanência prolongada por períodos na postura em pé, ou mesmo numa postura constrangedora (CASAROTO; MENDES, 1997). A postura é determinada pelo posto de trabalho ou natureza da tarefa. Posturas inadequadas, imediatamente ou com o decorrer do tempo, apresentam dor. A dor, mais que a incapacidade, pode com freqüência, ser o fator limitante para o bom desempenho do trabalhador. A postura é tão importante para o desempenho das tarefas quanto para a promoção da saúde e minimização de estresse e desconforto durante o trabalho (MONTEIRO et al, 1997).
    Quanto aos aspectos posturais nas atividades de UAN’s, Proença (1993, p. 42), salienta que diversos autores questionam a necessidade da maior parte das atividades em UAN’s serem realizadas em pé, sem nenhum tipo de apoio, além de observarem a falta de adequação dos meios de trabalho disponíveis, levando à manutenção de posturas forçadas, principalmente nas atividades de higienização de equipamentos, utensílios e instalações, bem como naquelas ligadas ao controle de comandos mal localizados.
    O trabalho parado, em pé, exige o trabalho estático da musculatura envolvida para manutenção da posição referida provocando facilmente a fadiga muscular. 
    As tarefas que exigem longo tempo em pé devem ser intercaladas com tarefas que possam ser executadas na posição sentada ou andando, a fim de evitar a fadiga nas costas e pernas e, também, prevenir as varizes. Além disso, é necessário considerar que um estresse adicional pode surgir quando a cabeça e o tronco ficam inclinados, provocando dores no pescoço e nas costas (CRUZ, 2001, p.85).
    Por isso, é importante projetar postos de trabalho que permitam alternar a postura sentada com a postura em pé, mantendo um espaço mínimo para pernas e pés, como mostra a Figura 2 (DUL; WEERDMEESTER, 1995).



Figura 2 - Espaço mínimo recomendado para pernas e pés na post

    Para a configuração dos locais de trabalho, a escolha da correta altura de trabalho é de essencial importância. Assim, se a área de trabalho é muito alta, freqüentemente os ombros são erguidos para compensar, o que leva a contrações musculares dolorosas, principalmente na nuca e nas costas. Por outro lado, se a área é baixa, as costas são sobrecarregadas pelo excesso de curvatura do tronco, propiciando dores nas costas. Por isso, as mesas de trabalho devem estar de acordo com as medidas antropométricas, tanto para o trabalho em pé quanto para o sentado (LEMOS, 1999, p.66).
    Quando a mesma bancada for utilizada por várias pessoas, sua altura deve ser regulável para atender às diferenças individuais. Em trabalhos essencialmente manuais em pé,
as alturas recomendadas variam de acordo com a altura do cotovelo do operador e a natureza
do trabalho, como mostra o Quadro 1 (DUL; WEERDMEESTER, 1995).

QUADRO 1 - Recomendação de alturas para bancadas de trabalho em pé, considerando a altura do cotovelo dos operadores e o tipo de trabalho. Fonte: DUL; WEERDMEESTER. (1995).

    Para as atividades como mexer, picar e fritar, as mãos e os cotovelos devem permanecer abaixo do nível dos ombros. Caso a permanência dos braços acima dos ombros seja inevitável, sua duração deve ser limitada, havendo descansos regulares durante sua realização. (DUL; WEERDMEESTER, 1995, p.38). A Figura 3 ilustra a posição correta das mãos.

    Vários tipos de tarefas exigem movimentos do corpo todo, pois atualmente, apesar de toda automatização do trabalho, levantamentos manuais ainda são freqüentes e necessários. Entretanto, respeitar os limites para o levantamento de peso e esclarecer sobre técnicas corretas na execução desta tarefa podem evitar e/ou minimizar futuros problemas de saúde (MONTEIRO et al, 1997).
    Segundo Proença (1993), quanto aos aspectos posturais, a maioria das atividades nas UAN’s é realizada em pé, sem nenhum tipo de apoio, além de observar a falta de adequação dos meios de trabalho disponíveis, levando à manutenção de posturas forçadas, principalmente nas atividades de higienização de equipamentos, utensílios e instalações.
    O trabalho parado, em pé, exige o trabalho estático da musculatura envolvida para manutenção da posição referida provocando facilmente a fadiga muscular. Além disso, há um aumento importante da pressão hidrostática do sangue nas veias das pernas e o progressivo acúmulo de líquidos tissulares nas extremidades inferiores favorecendo uma maior incidência de varizes e edemas de tornozelo (OROFINO, 2004).
    Para MATOS (2000) a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) tem por objetivo a
análise das exigências e condições reais da tarefa e análise das funções efetivamente utilizadas
pelos trabalhadores para realizar sua tarefa.
    As considerações sobre o sistema homem-máquina, a ser estudado no ambiente de trabalho, não consideram o homem de um lado e o dispositivo de trabalho de outro, mas sim sua inter-relação e onde não se esquece de que o homem e sua máquina estão ligados, de um modo determinante, a conjuntos mais vastos em diversos níveis (CASTRO, 2002).
    Em uma situação ideal, a ergonomia deveria ser aplicada desde as etapas iniciais do projeto de uma máquina, ambiente ou local de trabalho. Estas devem sempre incluir o ser humano como um de seus componentes. Dessa maneira, as características do homem devem ser consideradas conjuntamente com as características ou restrições das partes mecânicas ou ambientais, para ajustes mútuos (SANTOS, 2002).

    Referência :
Lourenço, M.S. e Menezes,L. F. . Ergonomia e Alimentação coletiva: Análise das condições de trabalho em uma unidade de alimentação e Nutrição, Niterói , RJ , 2008.

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